quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

[resenha] A Sombra da Serpente, de Rick Riordan

Mais do mesmo. Este é o sentimento que tenho ao terminar mais uma série de Rick Riordan. O último livro de As Crônicas de Kane é um praticamente um remake de Percy Jackson e, por que não, de Heróis do Olimpo. 

É a mesma receita sempre: junte alguns jovens que até certa idade não fazem ideia do poder que possuem; some ao fato de que, quando eles descobrem esse poder, o mundo está em perigo; acrescente um pouco de mitologia nas histórias; salpique uma escrita convincente; coloque algumas aventuras... E está pronta mais uma narrativa do autor americano Rick Riordan. 

 Sadie e Carter são importantes descendentes da Casa da Vida, uma sociedade secreta de magia estabelecida no Egito ainda no tempo dos faraós. Os irmãos sabem que sua herança ancestral lhes reserva um importante papel: seus poderes são fundamentais para a restauração do Maat, a ordem do universo. Mas, uma vez instalado, o Caos é imprevisível, incalculável e incontrolável, e agora que Apófis está livre os Kane têm somente três dias para evitar que a serpente destrua o planeta. Como se isso não bastasse, a sorte deles parece só piorar. 

Os magos estão divididos. Alguns deuses egípcios estão enfraquecendo e, um a um, começam a desaparecer. Walt, um dos mais talentosos combatentes da Casa do Brooklyn, foi amaldiçoado, e sua energia vital está se esvaindo. Zia agora é responsável por Rá, o deus sol, que está completamente senil e não será de grande ajuda. Sadie e Carter, ao lado de alguns jovens magos e uns poucos aprendizes, são os únicos dispostos a enfrentar a serpente e salvar o mundo. 

Embora o Rick Riordan não me surpreenda mais, pelos motivos que já citei acima, devo ressaltar que a escrita do autor tem algo muito viciante e estimulante, não têm como parar, e o leitor se vê envolvido com suas histórias já nas primeiras linhas, porém não foi isso que aconteceu comigo. 

A narrativa já começa em um ritmo alucinante, o que é uma forte característica do autor: ejetar uma grande dose de adrenalina nas primeiras páginas, diminuir um pouco o ritmo e depois voltar com tudo (esse é o traço dele que é o meu favorito); outra marca do autor é criar personagens singulares, a exemplo de Sadie Carter. 

Sou muito fã das obras do Riordan, isso é fato; todavia, tenho que admitir que ele conseguiu criar uma das personagens mais chatas de todas as suas séries. Pensando bem, acho que é a mais chata! Sadie consegue deixar a parte dela tão insuportável que, francamente, só lia porque era realmente necessário; ou isso, ou não entenderia a história. 

Por outro lado, há personagens que são capazes de fazer os leitores perderem o fôlego, como é o caso de Walt, o próprio Carter Kane e Bes (o deus que é uma mistura de sapo com alguma coisa muito cabulosa – e que me fez rir bastante nas poucas partes em que apareceu). 

Esse também foi provavelmente um dos livros mais divertidos do autor; era engraçado ver os sentimentos misturados dos protagonistas: ora estavam preocupados em como salvar o mundo, ora muito preocupados com seus relacionamentos amorosos, que por sinal, foi uma boa jogada do autor: diminuir a tensão, mostrando dilemas adolescentes de forma explícita. 

Mesmo com tudo isso, A Sombra da Serpente não é a melhor obra do autor. O livro demorou muito para me cativar, o que não aconteceu com os outros. Ademais, há muita informação para o final de uma história. Acredito que, embora ele tenha feito uma pesquisa muito intensa para produzir a série, houve um pouco de exagero e, por quase nada, o autor não se perdeu em sua própria criação. 

A Intrínseca acertou muito nessa obra; diagramação muito boa, quase sem nenhum erro ortográfico ou qualquer coisa parecida. Além disso, a capa é um espetáculo a parte: lindíssima, refletindo uma das cenas do livro (tenho que admitir que gosto muito das capas de quase todos os livros do autor, pois elas mostram alguma parte da história sem dizer muita coisa ou soltar algum spoiler). 

E uma das coisas que mais gostei na narrativa foi a intertextualidade genial do autor em fazer referencia de sua outra série - Heróis do Olimpo – nas últimas páginas da obra de uma maneira tão sutil e tão graciosa! Ouvi rumores de que ele estaria trabalhando em um novo livro que seria a junção das duas séries. Dá para imaginar a bagunça que será? Porém, vindo do tio Rick Riordan, toda bagunça – bem escrita – é bem vinda. 



Sobre a Autora:
Ana CarolineAna Caroline é estudante de Letras Português Francês na Universidade Federal de Sergipe. Adora ler, é apaixonada por séries da Literatura de Fantasia e espera desenvolver um trabalho de pesquisa sobre esse tema na faculdade. Trabalha em uma livraria, onde o contato diário com os livros levou a desejar criar esse blog. Escreve no Loucuras de Caroline.

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