terça-feira, 23 de abril de 2013

[Resenha] Adeus, por enquanto, de Laurie Frankel

Adeus, por enquanto (Goodbye for now) é o segundo livro da autora Laurie Frankel – também autora de O Atlas do Amor, o livro foi lançamento de março da Companhia das Letras. E levanta as seguintes questões: até onde o amor por um ente querido pode ir? E até que ponto a saudade de um ente querido pode te levar? 

Sam Ealling é um programador, que perde seu emprego por criar um algoritmo que era bom demais para sua empresa; ele conhece Meredith, com quem começa um relacionamento. Mesmo muito apaixonada, Meredith não consegue superar a morte da avó, Livvie. Mais uma vez pensando no bem-estar da moça, Sam cria um algoritmo perfeito, que permite que Meredith converse com sua avó querida. 

O programa funciona tão bem que a moça não quer deixar de usá-lo, e com a ajuda de Dash – primo de Meredith – eles (Sam, Meredith e Dash) criam um negócio para que outras pessoas utilizem o serviço, porém o que Sam não poderia imaginar é que ele teria que usar a sua própria invenção. 

Imagine um livro sensível e tão bem escrito que é capaz de tocar profundamente o seu coração, e não estou exagerando, pois foi assim que me senti durante a leitura de Adeus, por enquanto. Laurie tem uma narrativa tão simples, tão sensível e cativante que quando o leitor menos imagina, já está completamente apaixonada (o) pela história. 

Foi impossível não se lembrar de Um dia, de David Nichols. Sinceramente, adoro essas histórias de amor que são suficientemente reais, a ponto de você acreditar que o seu vizinho está passando ou já passou por isso. As personagens são muito bem desenvolvidas, Sam e Meredith são ótimos, e os diálogos deles são muito bem produzidos.  

... Em uma galeria no andar de cima, Sam recebeu uma mensagem de Meredith que dizia: “Te peguei. Olhei para baixo durante a reunião hoje de manhã e vi que estava usando um sapato azul-marinho e outro preto”. “E por que isso é minha culpa?”, escreveu Sam. “A ausência deixa você louco”, respondeu Meredith. 

O diálogo deles é fantástico! É adulto, porém divertido e o leitor consegue sentir a cumplicidade existente entre eles, com certeza esse é um dos pontos mais positivos da história. O relacionamento chega a um ponto de amadurecimento, que confesso que desejei ter algo muito parecido com isso. 

Durante a leitura, imaginei como seria conversar, até mesmo via computador, com alguém que já se foi, confesso que me deu um desejo enorme de ter esse programinha no meu PC, porém, acredito que essa “invenção” é uma faca de dois gumes. Como foi abordado no livro, ao mesmo tempo em que as pessoas estão felizes, elas estão pulando etapas do luto e quem já passou por isso sabe do que estou falando. É difícil lidar com ele, é difícil passar por ele, e Sam acaba descobrindo da pior forma possível. 

A autora ainda faz uma tênue crítica à sociedade de hoje, e eu concordei com ela em cada ponto. Hoje, vivemos mais preocupados em viver conectados com a internet, ninguém mais consegue ficar sem um smartphone, quem hoje tem mais amigos reais do que virtuais? As pessoas passam tanto tempo vivendo virtualmente que esquecem o quão legal é viver de verdade.  

“Todo mundo passa mais tempo no Facebook do que com pessoas, mais tempo clicando em perfis do que saindo, mais tempo jogando tênis no videogame do que tênis de verdade, e tocando guitarra no videogame do que guitarra de verdade. As redes sociais não são tão sociais assim. Na verdade, é isolamento. Na verdade, é ficar sozinho. Então ao menos eu não sou assim, certo? Ao menos eu tenho você. “Não, Sam”, disse Meredith. “Você está sozinho, de verdade.” 

Adeus, por enquanto é a minha grande surpresa desse ano, a capa é até bonita e reflete muito bem a história, porém eu não esperava algo tão cativante.

“Amar é perder, Sam. Infelizmente, é simples assim. Talvez não hoje, mas algum dia. Talvez não quando ela seja jovem demais e você é jovem demais, mas você está vendo que ser velho não ajuda. Talvez não sua esposa, nem sua namorada, ou sua mãe, mas você vê que amigos morrem, também. Eu não pude poupar você disso da mesma forma que não pude poupá-lo da puberdade. É a condição inevitável da humanidade. É exacerbada pelo amor, mas também simplesmente por sair de casa, por ver o que há lá fora no mundo, por inventar programas de computador que ajudam as pessoas. Você tem medo do tempo, Sam. Algumas tristezas não têm remédio. Algumas tristezas você não consegue melhorar.”

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Sobre a Autora:
Ana CarolineAna Caroline é estudante de Letras Português Francês na Universidade Federal de Sergipe. Adora ler, é apaixonada por séries da Literatura de Fantasia e espera desenvolver um trabalho de pesquisa sobre esse tema na faculdade. Trabalhou em uma livraria, onde o contato diário com os livros levou a desejar criar esse blog. Escreve no Loucuras de Caroline.

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