quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

[Resenha] Os gatos nunca mentem sobre o amor, de Jayne Dillon

Em Os gatos nunca mente sobre o amor, a inglesa Janye Dillon nos conta a história de seu filho Lorcan e de como a vida de sua família mudou com a chegada de Jessi-cat, a gatinha birmanesa que não mente sobre o amor.

Jayne tem três filhos. O mais velho deles, Adam, é portador da Síndrome de Aspenger, considerada um nível leve de autismo. O diagnóstico tardio fez com que Adam sofresse para entender todo o conteúdo escolar e para que a família compreendesse seu comportamento - às vezes alheio em relação aos outros. O filho do meio, Luke, sempre foi considerado uma criança normal, por não ter a síndrome; então, quando Lorcan  - o filho mais novo - começou a crescer, Jayne e David Dillon começaram a notar algumas características que já haviam visto em Adam. Foi neste momento que a luta começou.

A obra nos mostra a batalha dos Dillons para conseguir que o sistema público de saúde inglês atendesse e se esforçasse minimamente para dar um diagnóstico preciso sobre o estado de Lorcan. O problema maior é que o menino sofre de um transtorno de ansiedade denominado Mutismo Seletivo, que o impossibilita de falar em situações de estresse (como quando vai a um médico, visitar parentes mais distantes, ou durante as aulas na escola), o que tornava qualquer conversa com médicos, professores e psicólogos praticamente impossível.

É justamente quando tudo estava extremamente complicado que a família decide adotar uma gata birmanesa, a Jessi. O amor de Lorcan pela gata e da gata por ele é algo extremamente extraordinário. É com Jessi que Lorcan começa a vencer as barreiras da fala. É com ela que ele expressa o seu amor. É a partir desta relação de cuidado e zelo que um tem pelo outro que Lorcan se desenvolve.

A autora, por ser uma das testemunhas oculares deste processo, descreve toda a vivência com uma delicadeza e profundidade que é impossível não se consternar com a vida da família. De um modo geral, ela também é muito didática ao apresentar o autismo e o mutismo seletivo ao seus leitores. Ao mesmo tempo em que ela diz o que são, não fica presa aos jargões médicos. Além disso, é interessante conhecer as estratégias que escola e família usam para o desenvolvimento de Lorcan.

Embora o foco de Os gatos nunca mentem sobre o amor esteja no diagnóstico e tratamento do menino, também conta as peripécias de Jessi-cat. Afinal, a gata participou de alguns concursos, ganhou fama e foi parar na tv e no rádio - sempre com Lorcan ao seu lado.

Este livro é um livro sobre o amor. A perseverança dos pais, a abnegação dos irmãos, o trabalho dos professores, a doação da gata. Tudo gira em torno do amor sentido por Lorcan. E é isso que faz da narrativa tão bela.

Livro: Os gatos nunca mentem sobre o amor
Título original: Jessi-cat
Autor: Jayne Dillon
Tradução: Cristina Calderini Tognelli
Páginas: 216
Sinopse: Lorcan Dillon tinha sete anos quando sua mãe, Jayne, o ouviu dizer “eu te amo” pela primeira vez. As palavras não foram dirigidas a ela, mas à Jessi, seu bichinho de estimação. Lorcan é autista e sofre de mutismo seletivo, uma condição que o impossibilita de falar em determinadas situações, tornando-o incapaz de expressar emoções ou desfrutar do carinho de seus familiares. Ele nunca disse que amava alguém, mas tudo isso começou a mudar com a chegada de uma gatinha filhote chamada Jessi. Os gatos nunca mentem sobre o amor é a história tocante de como o afeto e a atenção de uma companheira amorosa possibilitou que um menininho começasse a se comunicar com o mundo que o cerca. Lorcan passa horas brincando, fazendo carinho e dizendo o quanto a ama. Ele também passou a se abrir mais para os outros, fazendo amizades na escola e progredindo constantemente. Jessi deu provas de ser tão inspiradora que recebeu os títulos de Melhor Amigo e Gato Nacional do Ano de 2012 pela Cats Protection Awards. Este livro é o relato emocionante de uma grande amizade e de como o amor entre um garotinho e seu animal de estimação mudou a vida de uma família para sempre.
Livro no skoob.

Sobre a Autora:
Fernanda Rodrigues é bacharela em Letras (Português e Inglês) e licenciada no curso de Formação de Professores da USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações e no Teoria, Prática e Aprendizado.

sábado, 24 de janeiro de 2015

[Com a palavra: o autor] O 2015 de Livia Brazil

A Fernanda disse que eu podia, então cá estou eu, escrevendo outra vez pra vocês! E, se me permitirem, estarei por aqui todo mês, conversando um pouco com todo mundo – e querendo saber a opinião de tudo! 

Acho que, como estamos em janeiro, não vai dar pra escapar do famoso post sobre o ano de 2015 e os planos para o futuro. E sabe quais são os meus? Não sei! Ano passado foi um ano cheio de coisas programadas: mudança de apartamento, casamento, Copa do Mundo (sim, se programar o que vai fazer na Copa do Mundo, ainda mais quando ela cai no meio das suas férias!), e não tive muito tempo para coisas não programadas. Sabe, programas espontâneos que surgem do nada e acabam sendo uma delícia?  Pois é, não rolou. 2014 passou e eu não vi, com a busca pelo “apartamento perfeito” começando em janeiro (ainda bem que achei!), as decisões de onde assistir os jogos do Brasil (ó, que escolha difícil!) e toda a organização do meu casamento, que foi, na verdade, algo que fiz o ano inteiro (ok, de maio – quando fui pedida – a outubro, quando de fato foi o casamento). Apesar de terem sido momentos maravilhosos, foi muito desgastante, ainda mais sendo a primeira vez que eu saía de casa.


Por isso, esse ano decidi relaxar um pouco. Às vezes é bom, sabe? Vocês tem que tentar! Até agora, 2015 tem sido um ano que tenho “deixado rolar” – e tenho conseguido fazer coisas incríveis por causa disso. Primeiro, estou cuidando da minha saúde com caminhadas constantes, mesmo no sol super mega hiper quente que está assolando o Rio de Janeiro. Mas, como amo o verão e não me importo muito com o calor, não estou vendo problemas, e ainda pego uma corzinha. Tenho conseguido escrever mais, e, novidade!, estou quase terminando mais um livro. Yay! Boa notícia (espero!) para quem leu e gostou de Queria Tanto e Coisas não ditas. Tenho passado mais tempo com meus pais e meus gatos (eles ficaram na casa dos meus pais quando me mudei porque meu marido tem alergia a pelo de gato. Eu sei, muito triste). E, uma das coisas que estou achando mais legal, e que tem tudo a ver com o Nosso clube do livro, estou lendo mais! Aliás, resolvi fazer um projeto para 2015: ler 30 livros até o final do ano. Sei que para muitos de vocês é pouquinho, mas eu não estava tendo tempo de ler no ano passado! Então vou recuperar todo o tempo perdido e ler 30 livros, já que faço 30 anos esse ano (ai, que velha!). Hoje acabei de ler o primeiro e amei! Se vocês quiserem acompanhar minhas leituras, vou falar sobre todos os livros que vou ler no meu blog 30 livros em 1 ano (www.30livrosem1ano.wordpress.com). Quero saber a opinião de todo mundo sobre os livros que vou ler durante o ano – se vocês gostaram, se querem ler, e qualquer outra coisa que quiserem comentar. Esperarei por vocês lá, no meu único grande projeto para 2015!



E vocês, fizeram algum plano para esse ano? Me contem! Beijinhos!

Sobre a autora:

Livia Grynberg Brazil, conhecida somente por Livia Brazil (para o desgosto de sua mãe), é casada, tem três gatos (Léo, Nilo e Valentina) e um rato de olhos vermelhos e pelo branquinho (Arry). Escreve poesia desde os seis anos de idade, mas só a partir dos treze começou a escrever coisas mais longas. Para o desespero de seus professores, passava as aulas inventando histórias, e foi assim que Alice Maria, personagem de seu primeiro livro, Queria Tanto, surgiu. Publicou-o pela Benvirá em 2011 e, após dois anos, em 2013, publicou seu segundo livro, Coisas Não Ditas, anteriormente uma fanfic de McFly, pela mesma editora. Atualmente, trabalha como revisora freelancer para várias editoras e se desdobra em várias escrevendo dois livros e alguns roteiros para curtas e webséries.

[Lançamentos] Veja quais são os novos livros da Editora Unesp

Apresentamos abaixo os últimos lançamentos da Editora Unesp.

Livro: Organização internacional e mudança mundial
Autor: Craig N. Murphy
Assunto: Relações Internacionais
Páginas: 344
Edição:
Ano: 2014
Tradutora: Fabio Storino
Sinopse: Craig N. Murphy faz aqui uma extensa investigação sobre o conceito de governança global para demonstrar que ela se impõe há mais de um século nas relações globais por meio da atuação conjunta das organizações internacionais, dos inúmeros dispositivos reguladores – formais e informais –, das ideias e questões que se impõem em nível mundial e acabam se sobrepondo às ações dos governos individualmente. Murphy lembra que tais organizações contribuem desde o início do século 20 para a elaboração de diretrizes e agendas em diversas áreas de atenção global, como meio ambiente, direitos humanos, saúde, produção de alimentos e erradicação da fome. Mas enfatiza que sua atuação mais contundente tem sido verificada na expansão do mercado de produtos manufaturados e no controle dos ciclos de produção industrial. Baseando-se nas ideias de Gramsci, Murphy tenta demonstrar que as organizações internacionais ajudaram o capitalismo a prosperar e ao mesmo tempo fortaleceram os movimentos sociais, sugerindo também que aquelas instituições refletem um novo “keynesianismo ecológico global” e poderiam promover uma maior difusão da tecnologia, o que contribuiria para mitigar conflitos entre países ricos e pobres. Murphy escreve: “Apesar de as organizações internacionais terem agido como parte da “superestrutura” da economia global capitalista, não foram simplesmente instituições “funcionais” para o capitalismo que, de alguma maneira, seriam resultados “inevitáveis” do próprio capitalismo. Sua história é parte da dialética entre o capitalismo e maneiras alternativas de se organizar a vida econômica e política”.

Livro: A presença dos mitos em nossa vida
Autora: Mary Midgley
Assunto: Filosofia, Psicologia
Páginas: 377
Edição:
Ano: 2014
Tradutora: Alzira Allegro
Sinopse: Historicamente crítica do cientificismo como via quase exclusiva de interpretação de fenômenos biológicos e também políticos e sociais, Mary Midgley escreve aqui sobre a importância “crucial” do simbolismo no pensamento dos seres humanos, defendendo a necessidade de se levar a sério a “vida imaginativa”, mesmo quando se está lidando com assuntos que parecem triviais. Composto por 27 ensaios, o livro apresenta os pontos centrais do pensamento antirreducionista da autora, enquanto faz uma radiografia da sociedade humana numa tentativa de capturar os mitos que a povoam. Sem desprezar as contribuições fundamentais que a ciência vem trazendo à compreensão de mundo, Midgley desvenda noções científicas que muitas vezes pouco se diferenciam de ideias absolutamente extrínsecas ao universo científico. Universo que ela afirma não poder apartar-se radicalmente de um arcabouço simbólico e, em certo sentido, mitológico que o antecede. Segundo a autora, os mitos são antes parte integrante e central da ciência do que seu oposto. Para Midgley, mitos não são nem mentiras nem meras histórias, mas uma teia de potentes símbolos que possibilitam interpretar o mundo. A partir de uma grande variedade de temas e do diálogo com a filosofia, a psicologia evolutiva, a biologia e os estudos ambientais, a filósofa insere, sem mistificações, o arcabouço mitológico, na perspectiva da ciência, situando-o como tema presente e definidor da realidade.

Livro: Ilhas
Subtítulo: De Atlântida a Zanzibar
Páginas: 432 
Edição:
Ano: 2014 
Tradutora: Claudia Freire
Sinopse: Este livro, de Steven Roger Fischer, é um estudo profundo das ilhas por meio de um conceito que inclui a geologia (que lhes dá forma), a biologia (que lhes traz vida) e a cultura, por meio da qual adquirem significado. Sempre levando em conta a sinergia entre os três vértices, o autor volta-se principalmente à cultura, tentando aquilatar o significado das ilhas para os seres humanos, cujo desenvolvimento entrelaça-se desde os primórdios a essas formações. O autor demonstra que, corresponsáveis pela própria existência da Terra, as ilhas figuram entre os principais lugares de origem de plantas, animais e hominídeos do planeta. Verdadeiros laboratórios biológicos e culturais, contribuíram para a evolução da espécie humana, capacitando-a à adaptação vitoriosa e à sua expansão global. Espalhadas por toda a extensão da Terra, as ilhas abarcam de continentes ancestrais a formações originadas por bancos de areia, diz Fischer, lembrando que hoje abrigam de pequenas comunidades a algumas das maiores metrópoles do mundo, como Nova York, Cingapura, Hong Kong, além de países inteiros, como Cuba, Islândia, Madagascar, Grã-Bretanha, Japão e Nova Zelândia. Fisher relata como, ao longo dos diversos ciclos da temperatura do planeta, que remontam a milhões de anos, ilhas surgiram, desapareceram, voltaram a conectar-se a placas continentais. E comenta os motivos de prosperidade ou abandono das ilhas desde os primeiros hominídeos: "Cada uma delas, as quais entre ilhas e ilhotas somam mais de um milhão na Terra, conta uma história extraordinária”.

domingo, 18 de janeiro de 2015

[ARTIGO] XI Bienal Internacional do Livro em Fortaleza, por Osmar Neto

Esta foi a primeira vez em que fui a uma Bienal. Posso dizer que fiquei assustado quando vi tantos livros espalhados em estandes. Uns livros com preços ótimos e outros com o mesmo preço das livrarias. Ao mesmo tempo fiquei encantado. Mal entrei no grande salão e já vi um Estande com livros da Cia das Letras, uma das minhas editoras preferidas. Nem pensei duas vezes, fui logo para lá. 

O Centro de Eventos de Fortaleza é um espaço enorme e os administradores resolveram juntar todos os salões em um só, o que fez com que tivesse bastante espaço para os estandes. Para onde você virava tinha uma multidão olhando livros que você também queria olhar. Não tinha como andar sem esbarrar em outra pessoa, e o pior era que ninguém pedia desculpas, apenas continuava andando. Dentro do grande salão haviam duas “praças”, lugares onde os visitantes poderiam se sentar e descansar.


Novos autores, como a fortalezense Larissa Barros Leal, também se encontravam no evento para fazer publicidade de seu livro Érica. Ela se encontrava no estande da editora Novo Século, contando a história de seu livro para todos que passavam por ela. E quem comprasse ou o levasse, ganharia um autografo. Larissa Barros Leal é uma garota nascida em 1996, estudante de medicina, que começou a escrever o livro Érica em 2011. Érica é seu romance de estreia. Nesse mesmo Estande, o livro Diário Póstumo de Charlotte estava sendo vendido, porém quando fui procurá-lo já havia esgotado o estoque. 

No lado de fora do grande salão, estava acontecendo uma pequena exposição de Moreira Campos. A exibição com fotos de quadros, fotografia, cartas e desenhos durou apenas até às cinco horas da tarde. Após isso, uma feira de cordéis e produtos nordestinos tomou conta do lugar. Cordéis, blusas, chapéus e estampas eram vendidas na pequena feira nordestina. Ao lado da feira, estava acontecendo um show, onde uma pessoa subia no palco e cantava uma música nordestina. 

Foi um pouco complicado encontrar livros atuais ou quase atuais com um preço bom. A maioria estava com o mesmo das livrarias. Mas por fim haviam dois estandes com livros de R$10,00. Comprei sete, não pude deixar escapar essa oportunidade. Livros que eu procurava loucamente, mas só encontrava a partir de R$40,00, neste Estande estava por R$10,00. E eles não estavam destruídos, como alguns podem pensar, muito pelo contrário, pareciam ter sido comprados de livrarias no mesmo dia. 

Na parte de trás de um dos estandes, estava um belo vestido azul representando o livro A Seleção, de Kiera Cass. Agora todos poderiam se tornar uma princesa de Iléa. Era só subir em uma pequena escada e colocar a sua cabeça em cima do manequim, fazendo parecer que você usava o vestido. Até mesmo quem não era fã ou nunca ouviu falar do livro, parou para tirar uma foto. Era um vestido diferente em três dias, pois repetiram um dos vestidos. Um dia foi um laranja representando A Elite, em outro foi um branco representando A Escolha, e no sábado e domingo foi o azul de A Seleção.

Por onde você ia, acabava encontrando alguém conhecido. Quando você não encontrava, eles é que lhe encontravam. Você encontrava pessoas que jamais pensou que veria em uma Bienal, como um antigo amigo que quando criança brincava de esconde-esconde no apartamento de sua tia. Ou a filha de uma amiga da sua mãe, que nunca havia mostrado interesse em livros quando mais nova. 

Havia um Estande onde foram pregados vários pôsteres de filmes e músicas, mas a maioria dos livros eram de Direito, Culinária ou Serviço Social. Você encontrar um livro de Literatura por lá, seria o mesmo que encontrar um alfinete no meio da palha. E ainda haviam estandes como o do Senac, que estavam vendendo livros que serviriam para estudos nos cursos de lá. A diversidade de estandes era enorme. Haviam também aqueles apenas para crianças, eram vários. E ainda aqueles de mangás e HQs. 

Um estande com dois homens vendendo um livro sobre o final inacabado de A Caverna do Dragão, se encontrava em uma ponta do grande salão. O nome do estande era “A Caverna do Dragão Agora tem Final”. Este é um livro independente, não é o verdadeiro final que todos queriam que tivesse sido escrito. 

Havia alguns estandes de religiões e doutrinas, como o do “Graal na Terra” onde eram vendidos livros sobre a mensagem do Graal. Para aqueles que não sabem o que é, aqui vai um pequeno trecho explicando: “O Santo Graal é uma expressão medieval que designa normalmente o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia”. Livros como A Grande Pirâmide Revela Seu Segredo, por Roselis von Sass e A Desconhecida Babilônia, por Roselis von Sass faziam parte da lista.

E é claro que não podiam faltar livros de filosofia. Havia os de bolso, que eram os mais procurados por seu baixo preço e mais fáceis de encontrar em vários estandes. E os livros maiores e mais caros, que só eram encontrados em estandes específicos. Dentro de um deles, estava um banner sobre um Curso Introdutório de Filosofia Prática, mostrando as datas e o que seria visto. Lógico que na maioria dos eventos que acontecem no Centro de Eventos, a Gracom não poderia ser deixada de fora. Seu Estande era bem espaçoso, pessoas podiam ir lá para tirar fotos com a estátua do Hulk, ou com o Darth Vader, sendo este último uma pessoa real fantasiada. 

No andar de cima do Centro de Eventos, estava ocorrendo uma seção de autógrafos com os autores: Renata Ventura com seu livro A Arma Escarlate; e Raphael Draccon com seu novo livro, publicado pelo selo Fantástica da Rocco, Cemitério de Dragões. Como eu não fui avisado de que eles estariam por lá no último dia, acabei não indo, transformando este em um momento de puro arrependimento. E fazendo companhia ao Raphael Draccon, sua esposa Carolina Munhóz, coautora de O Reino das Vozes que Não Se Calam, estava presente. 

Também tinha algumas lanchonetes, caso você sentisse fome, que ficaram abertas até o final do evento. Caso você não quisesse gastar muito dinheiro, também haviam pessoas independentes vendendo pipoca ou churros. E no final do grande salão estava um Estande fechado, VIP, da Santa Clara com um pequeno debate. Você podia beber café enquanto assistia a um debate sobre temas bastante discutíveis. Não tinha como ficar com fome, sede ou entediado por lá.


A XI Bienal Internacional do Livro em Fortaleza foi um evento enorme com bastante entretenimento. Quem não pode ir, se arrependeu. E quem foi, saiu sem um mísero dinheiro na carteira, porém com um enorme sorriso no rosto.

Para ver todas as fotos, acesse o nosso álbum no facebook.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Projeto Sempre um Papo agora é programa de TV

O projeto Sempre um papo, conhecido por suas entrevistas com diversas entrevistas com escritores renomados, agora se transformou em um programa que será exibido quinzenalmente na TV Câmara. A estreia será hoje (17/01). Veja os detalhes da programação abaixo:



Estreia: sábado, às 19h. 
Reprises: domingo, às 4h e às 16h; segunda, às 5h; quarta, às 8h30; sexta, às 5h30.
O programa dispõe de legenda oculta, na versão exibida na TV Câmara. 
Para maiores informações, acesse o site da TV Câmara (www) ou a página do Sempre um Papo no facebook (www).

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

[Lançamentos] Vejam quais são os primeiros lançamentos da Companhia das Letras em 2015

Que as editoras estão a todo vapor, isso todo mundo já sabe. Agora o Nosso Clube do Livro traz para você os primeiros lançamentos do ano da Companhia das Letras. Vejam só:



Enxaqueca, de Oliver Sacks – Edição de Bolso 
Tradução de Laura Teixeira Motta
Para a maioria de nós, a enxaqueca é apenas uma forte dor de cabeça que acomete periodicamente certas pessoas. Para Oliver Sacks, ela é muito mais do que isso. É antes de mais nada, um conjunto extremamente complexo e diversificado de síndromes nas quais a dor de cabeça nem sempre está presente. Além disso, a enxaqueca pode nos fornecer pistas sobre algumas das questões mais fundamentais do ser humano. Primeiro livro de Sacks, Enxaqueca já contém todos os elementos que fizeram sucesso de suas obras posteriores: conhecimento científico posto a serviço de um estilo único de narração, capaz de transformar relatos clínicos em episódios de um maravilhoso romance de suspense. 

A dançarina do cabaré, de Georges Simenon 
Tradução de André Telles
Em Liège, cidade belga onde Simenon nasceu, Maigret observa à distância dois garotos acusados de assassinar um rico estrangeiro. Quando a amizade entre os suspeitos é posta à prova, o comissário encontra as pistas para desvendar o enigma. 

Seguinte 

Por lugares incríveis, de Jennifer Niven
Tradução Alessandra Esteche
Quando Theodore Finch conhece Violet Markey em circunstâncias nada usuais, surge uma amizade única entre os dois. Cada um com seus próprios traumas e sofrimentos, eles se juntam para fazer um trabalho de geografia e acabam descobrindo mais do que os lugares incríveis no estado onde moram: a vontade de salvar um ao outro e continuar vivendo.

Garimpo Literário #4

A quarta edição do nosso garimpo literário chegou cheia de links bacanas para você! Então, sente-se em uma cadeira bem confortável e faça uma boa leitura! ;)

analógico [por veronica fantoni] - Viver Bem
Que a Veronica Fantoni leva o maior jeito escrevendo crônicas que acalentam o coração, isso ficou mais que provado com Sobre o amor e dias de sol. Agora, ela presenteia seus leitores com mais um texto lindo que mostra o encontro amoroso de uma maneira simples e poética.

Livros de Hemingway em animações de 15 segundos no Instagram - Dito pelo Maldito
A notícia mostra exemplos de vídeos que a Fundação Ernest Heingway publica em seu instagram para atrair novos leitores e explica um pouco mais sobre este projeto.

Novo espaço de cultura nerd será inaugurado hoje (9) em São Paulo - O grito!
Os nerds de plantão têm muito o que comemorar. Agora eles têm mais um espaço gostoso de convivência (e compras!) em Sâo Paulo. Na nota há informações e o endereço da Geek House.

Desafio dos 5 dias! - Blog By Miih
No link há uma proposta de desafio literário feita pela blogueira Camila Sá.

Livro: O diário secreto de Lizzie Bennet - Fútil mas inteligente
Com a resenha da Alessandra Messa conhecemos este livro moderno cheio de referencias à obra de Jane Austen.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

[Resenha] Pare de se sabotar e dê a volta por cima, de Flip Flippen

Com o subtítulo Como se livrar dos comportamentos que atrapalham sua vida, Pare de se sabotar e dê a volta por cima é um daqueles livros que ou você lê aberto a toda dose de autoajuda, ou é melhor pular para a próxima leitura.

Flip Flippen é um terapeuta renomado nos EUA que se dedicou a estudar as razões que levam algumas pessoas serem mais bem sucedidas do que outras. Ele percebeu em seus estudos que aquelas pessoas que eram consideradas produtivas, de auto nível e bem sucedidas sabiam lidar com as suas limitações pessoas (fossem elas donas de casa, executivos, estudantes ou pilotos de corrida). Por outro lado, seus estudos comprovam que as pessoas que fracassam (seja porque não conseguem avançar na vida profissional, sejam aquelas que não atingem a felicidade pessoal), são justamente as que ignoram as suas limitações pessoais (ou porque não se dão conta da existência delas, ou por não verem sentido nas mudanças de atitude). Ao longo da obra, o autor cita vários exemplos dos dois extrememos e mostra como está em nossas mãos o poder de mudança que nos tira do fracasso pessoal e/ou profissional e nos leva ao sucesso e à realização.

O livro está estruturado em três partes distintas. Na primeira, o escritor situa seu leitor, de modo que todos compreendam de que se tratam as limitações pessoais, como elas impactam no autossabotamento e como diagnosticá-las. Na segunda, aborda cada uma das dez limitações pessoais mais comuns, orientando o que chama de TrAção (algo como ação e transformação) e dizendo como lidar melhor com pessoas daquele determinado tipo, de forma a ajuda-las. É nesta parte da leitura em que nos reconhecemos e compreendemos as pessoas do nosso convívio. Como os exemplos dados são muito reais, fica praticamente impossível não se lembrar de si mesmo e de alguém que esteja conosco no dia a dia. Por fim, a terceira parte aborda como elaborar um plano de TrAção. Além disso, é nesta parte que há um relato sobre as limitações pessoais do autor – que consternam o leitor, já que Flippen teve uma vida muito dura, com pais que praticamente o rejeitavam.

Nota-se que o autor é sincero e tem verdadeira paixão pelo que defende em suas páginas. Sua perspectiva é apresentada mais de forma empírica do que cientifica – uma vez que ele não fornece os números dos dados de sua pesquisa – mas de qualquer forma, o livro não perde o tom de confiabilidade, uma vez que Flippen cita diversos clientes de grandes empresas (como uma equipe de automobilismo da NASCAR, com quem trabalhou). A leitura é válida, portanto, para aqueles leitores que quiserem tentar ver suas vidas sob outro ponto de vista e tentar trabalhar suas fraquezas com o objetivo de que elas se transformem, de algum modo, em virtudes.

Livro: Pare de se sabotar e dê a volta por cima: Como se livrar dos comportamentos que atrapalham sua vida
Título original: The flip side
Autor: Flip Flippen
Tradução: Carolina Alfaro
Páginas:
Editora: Sextante
Sinopse: Para o psicoterapeuta Flip Flippen, o ponto de partida para o verdadeiro sucesso é o autoconhecimento: quando você conhece a si mesmo, pode compreender melhor as características de sua personalidade e identificar suas limitações. O fundamental é saber quais são seus pontos fracos, de modo que você possa superá-los e transformá-los em qualidades que gerem resultados significativos. Ao longo de mais de 30 anos de pesquisa, o autor observou que muitas pessoas talentosas sabotavam o próprio sucesso porque não sabiam quais eram as características que as impediam de alcançar o máximo de seu potencial. O que aconteceria se, em vez de você se concentrar naquilo que já fez bem, passasse a identificar seus pontos fracos, aqueles comportamentos que já viraram hábito mas que continuam a impedir que alcance seu melhor desempenho? Em Pare de se sabotar e dê a volta por cima, Flip Flippen mostra a importância do autoconhecimento para se alcançar a satisfação pessoal e sucesso profissional. Ele acredita que, uma vez identificadas as limitações de cada personalidade, é possível superá-las de forma definitiva e atingir resultados gratificantes. O autor analisa diversos tipos de personalidade e apresenta exemplos da vida real com os quais teve contato ao longo de sua carreira de psicoterapeuta, revelando como as soluções inusitadas que sugeria para cada caso levaram os indivíduos a refletir sobre seus comportamentos limitadores e a mudar de atitude a fim de alcançar objetivos profissionais e pessoais. O programa de superação das limitações pessoais apresentado neste livro é bem simples e já ajudou a melhorar a vida de milhares de indivíduos, entre os quais líderes empresariais, executivos do mercado financeiro, educadores a atletas. Ao corrigir comportamentos negativos, você irá se surpreender com um aumento considerável em sua produtividade e uma melhora nos relacionamentos pessoais.
Clique aqui para ler trecho disponibilizado pela editora. |  Livro no skoob.

Sobre a Autora:
Fernanda Rodrigues é bacharela em Letras (Português e Inglês) e licenciada no curso de Formação de Professores da USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações e no Teoria, Prática e Aprendizado.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Concursos literários #17

Olá leitores e escritores!
2015 começou cheio de criatividade, não?!
Por isso, não podemos deixar de falar um pouco dos concursos literários. Se você escreve, fique de olho nas datas abaixo, acesse os links com os editais e inscreva-se! ;)

Janeiro / 2015

e-Antologia "100 Trovas sobre Futebol"
Prazo de inscrição: 15 de janeiro de 2015
Link para inscrição: aqui.

Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura
Prazo de inscrição: 19 de Janeiro de 2015
Link para inscrição: aqui.

Prêmio Flor do Ipê
Prazo de inscrição: 30 de Janeiro de 2015
Link para inscrição: aqui.

11º Prêmio Barco a Vapor
Prazo de inscrição: 30 de Janeiro de 2015
Link para inscrição: aqui.

V Concurso Literário Alfarroba - "Papá, só mais uma..."
Prazo de inscrição: 31 de Janeiro de 2015
Link para inscrição: aqui.

XII Concurso “Fritz Teixeira de Salles de Poesia”
Prazo de inscrição: 31 de Janeiro de 2015
Link para inscrição: aqui.

Fevereiro / 2015

Concurso de crônicas - Ser ou não sei
Prazo de inscrição: 28 de fevereiro de 2015
Link para inscrição: aqui.

Boa sorte a todos!

[Resenha] A casa dos budas ditosos, de João Ubaldo Ribeiro

Sempre ouvi muito a respeito de A casa dos budas ditosos, de João Ubaldo Ribeiro. Uns falavam bem, outros mal, a maioria focava na sacanagem em questão. Por isso resolvi aproveitar as férias para tirar a prova dos nove com os meus próprios olhos. 

Fernanda Torres, na adaptação teatral de A casa dos budas ditosos.
A obra começa com uma nota do autor dizendo que recebeu os relatos de CDL gravados em fita. A baiana de 68 anos resolve rasgar o verbo sobre a sua vida e pede para que o autor publique sua história. Distante dos fatos, o escritor menciona que apenas transcreveu o texto, que se transformaria no volume sobre a luxúria, da série Plenos Pecados, publicada pela editora Objetiva.

De fato, a vida de CDL é pautada em seu pleno apetite sexual, já quem ela mesma, em um momento epistemológico, diz que q vida ser resume a foder. Contudo, ao contrário de muitos livros sobre a lascívia, A casa dos budas ditosos traz uma reflexão intensa sobre a forma como a sociedade vê não apenas o sexo em si, mas a ética e o papel das mulheres no cotidiano.

CDL defende que todas as pessoas são seduzíveis. Partindo deste princípio, nossa narradora mostra como é capaz de corromper outra pessoa (homem ou mulher) por meio da oferta do prazer. É assim que ela consegue notas enquanto cursa Direito na universidade. É assim que - por meio de uma barganha nunca cumprida - cursa a pós-graduação no exterior. Também é assim que consegue drogas, quando passa a consumi-las. Entretanto, ela não usa o sexo como um negócio apenas, já que nossa narradora realmente sente prazer não apenas em conhecer o próprio corpo, mas também em explorar os corpos das pessoas com quem se relaciona.

João Ubaldo Ribeiro é um escritor visionário neste sentido. Em vários momentos ele - por meio de sua narradora - defende que as mulheres tenham a mesma liberdade que os homens ao se relacionar. Além disso, em vários trechos, sua obra condena a visão que muitos homens têm que relaciona a experiência sexual feminina a algo vulgar. CDL relata que muitas vezes teve que fingir que não sabia o que fazer na hora da transa para conseguir que seu parceiro relaxasse e aproveitasse o momento. Ela diz que se fizesse de cara o que pretendia - e acabava fazendo quando o homem se sentisse mais à vontade e seguro, normalmente não na primeira saída -, o parceiro a julgaria e perderia o tesão por ela. 

A obra defende a todo o instante a liberdade feminina, entretanto, condena a visão estereotipada que muitos têm sobre o feminismo. Nossa protagonista diz - e com razão - que ser feminista não é querer ver os homens numa posição inferior a das mulheres, mas sim ter os direitos de igualdade, de liberdade de fazer o que quiser com o seu corpo sem ser julgada, de trabalhar e ocupar os espaços sem ter alguém olhando torto, de agir conforme a própria vontade e não como a sociedade acha melhor. Se hoje podemos discutir sobre esta maneira de pensar mais aberta e facilmente - internet, sua linda! - em 1999 (ano de publicação da primeira edição do livro) a coisa não era tão fácil quanto parece. Só pela coragem em trazer esta questão à roda, Ubaldo Ribeiro merece o destaque tão merecido que o livro teve.

Embora tenha esta carga reflexiva e algumas intertextualidades - CDL é uma pessoa que, por ser estudada, conhece e cita outros escritores e filósofos ao longo de suas digressões -, a narrativa é de fácil entendimento. A narradora fala como se estivesse conversando diretamente com o seu leitor, contando os fatos como lhes vem a mente. As vezes, eles podem chocar os leitores menos abertos ao amor livre (como quando conta dos relacionamentos com o irmão, com o tio e com algumas mulheres a quem amou), mas tudo é contado com sentimento e sinceridade. Aliás, a sinceridade é um dos ingredientes que prendem o leitor para querer saber que fim, afinal, a história terá.

Que A Casa dos Budas Ditosos é uma obra extremamente bem feita é inegável. Polêmica? Talvez. Mas, sem dúvida, uma leitura que vale a pena ser feita.

Livro: A Casa dos Budas Ditosos
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Páginas: 164
Editora: Objetiva
Sinopse: Quando vários jornais anunciaram que João Ubaldo Ribeiro estava escrevendo um romance sobre a luxúria, para a coleção Plenos Pecados, da Editora Objetiva, o escritor foi surpreendido com um misterioso pacote em sua portaria. Eram os originais de A Casa dos Budas Ditosos. Depois da gula (Luis Fernando Verissimo), da ira (por José Roberto Torero) e da inveja (por Zuenir Ventura), chega agora a vez de João Ubaldo escrever sobre a luxúria na coleção Plenos Pecados. O livro traz a história de CLB, uma mulher de 68 anos, nascida na Bahia e residente no Rio de Janeiro, que jamais se furtou a viver - com todo o prazer e sem respingos de culpa - as infinitas possibilidades do sexo. Seriam as memórias desta senhora devassa e libertina um relato verídico? Ou tudo não passa de uma brincadeira do autor? Nunca saberemos. Importa é que ninguém conseguirá ficar indiferente à franqueza rara deste relato e a seu humor corrosivo.
Livro no skoob.

Sobre a Autora:
Fernanda Rodrigues é bacharela em Letras (Português e Inglês) e licenciada no curso de Formação de Professores da USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações e no Teoria, Prática e Aprendizado.

sábado, 10 de janeiro de 2015

[Resenha] O irmão alemão, de Chico Buarque


O mais novo livro do Chico Buarque, O irmão alemão, é simplesmente genial. Astuto como é, o autor misturou fatos da sua vida real com a ficção para compor uma história que envolve e comove o seu leitor.

Narrado em primeira pessoa, Francisco de Hollander, o Ciccio, nos apresenta a sua vida – desde a adolescência até a fase adulta – e sua busca pelo (meio) irmão alemão, que ele descobre, por acaso, ser filho de um breve relacionamento que o pai teve enquanto morou na Germânia, antes da Segunda Guerra Mundial. No entanto, ao longo da narrativa, nota-se que esta busca não é apenas a de um reencontro com um desconhecido com o mesmo sangue, é uma busca pela própria identidade e pelos laços familiares.

Por ser testemunha ocular do período da ditadura militar, Chico Buarque consegue inserir seu personagem com maestria no período. Para quem conhece bem São Paulo (principalmente a região central, entre a República e as Avenidas Paulista e Teodoro Sampaio), fica impossível não se ver andando com Ciccio e não se transformar em testemunha ocular de todas as suas peripécias.  Com ele vamos em busca de Anne Ernest, ex-namorada de seu pai, e seu filho, Sergio Ernest, o tal irmão alemão. 

Sergio de Hollander, o pai dos irmãos em questão, é intelectual consagrado. Então, a história, de certa maneira, não deixa de ser uma ode de amor aos livros. Definitivamente, os amantes de bibliotecas desejarão viver na casa dos Hollander, já que ela tem suas paredes revestidas de livros raros – que Ciccio faz questão de exibir na universidade enquanto cursa Letras. Além disso, para dar cada vez mais um tom verossímil à narrativa, ao longo do livro há cópias escaneadas de documentos reais que comprovam a existência do irmão alemão.

Um dos documentos que faz parte do acervo da família Buarque de Holanda

Após muita pesquisa, Chico Buarque conseguiu traçar um roteiro belo e intenso, que culmina com um final poético a um fato histórico-literário de seu passado em que afeto e autoconhecimento se tornam um sentimento só.

Livro: O irmão alemão
Autor: Chico Buarque
Páginas: 240
Sinopse: Sergio Buarque de Holanda morou em Berlim entre 1929 e 1930, como correspondente de O Jornal, órgão dos Diários Associados. Na cidade travou contato com nomes relevantes da intelligentsia local, como Thomas Mann - a quem entrevistou nos elegantes salões do Hotel Adlon, no bulevar Unter den Linden - e o historiador Friedrich Meinecke - a cujas aulas assistiu. Essa Berlim brechtiana foi também cenário de uma aventura amorosa entre o brasileiro e certa Anne Ernst, da qual resultou um filho, Sergio Ernst, que o pai jamais conheceu. De volta ao Brasil, Sergio Buarque daria largos passos rumo ao ensaísmo acadêmico, se tornaria professor universitário e diretor de museu, logo um dos maiores intelectuais do país. Casou-se, teve sete filhos, entre os quais Chico Buarque. Seu “mau passo juvenil” não era exatamente um tabu, porém estava longe de ser assunto na família. Chico só soube da história em 1967, aos 22 anos. Estava na casa de Manuel Bandeira em companhia de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, e o poeta pernambucano deixou escapar algo sobre aquele “filho alemão do seu pai”. Quando se preparava para escrever um novo romance, o autor pediu a Luiz Schwarcz - como costuma fazer ao fim dos períodos de entressafra literária - que lhe enviasse livros de que gostara nos últimos tempos. No pacote foram Austerlitz, de W. G. Sebald, cruciante investigação ficcional da memória e da história pessoal, e Paris, a festa continuou, de Alan Riding, uma história narrativa das manifestações culturais na Paris ocupada pelos nazistas (a bem da verdade um relato da acomodação de grande parte dos artistas e empresários da cultura franceses às forças de ocupação). A leitura de Austerlitz despertou em Chico Buarque a angústia pelo destino incerto desse irmão que jamais conhecera - e que bem poderia ter sucumbido aos anos de terror numa “cidade bombardeada e partida ao meio”, ou mesmo cerrado fileiras com a juventude hitlerista. Transcorridas quase cinco décadas, decidiu então tomar o assunto como matéria para um novo livro. Logo assomou a necessidade de saber o que se passara com Sergio Ernst, por motivos afetivos mas agora também literários. Afinal, como desatar os nós da narrativa sem conhecer o fim da história real? Por sua vez, um pianista salvo do nazismo pelo mítico benemérito americano Varian Fry, citado em Paris, a festa continuou, evocou lembranças da infância paulistana do autor -, e deu-lhe o mote para uma figura central do romance. Começava-se assim a desenrolar o novelo. Chico Buarque já enfrentava as primeiras páginas quando tomou conhecimento de uma correspondência - preservada por sua mãe, Maria Amelia Buarque de Holanda - entre autoridades do governo alemão e seu pai, ali chamado de Sergio de Hollander. Já no poder, os nazistas queriam se certificar de que a criança, então sob a guarda do Estado, não tinha antepassados judeus, a fim de liberá-la para adoção. Ao tomar ciência do teor dos documentos, Chico deu início a uma pesquisa exaustiva sobre a vida e o paradeiro do garoto. Por intermédio do historiador brasileiro Sidney Chalhoub, acionado pela editora enquanto passava um período acadêmico em Berlim, os pesquisadores João Klug (historiador) e Dieter Lange (museólogo) embarcaram num trabalho verdadeiramente detetivesco, conseguindo afinal traçar o destino do “irmão alemão”, com descobertas surpreendentes. O irmão alemão reproduz ficcionalmente essa pesquisa real, mas não é um relato histórico. O autor usa a realidade como fonte da ficção. A narrativa se estrutura numa constante tensão entre o que de fato aconteceu, o que poderia ter sido e a mais pura imaginação. Na São Paulo dos anos 1960, o adolescente Francisco de Hollander, ou Ciccio, encontra uma carta em alemão dentro de um volume na vasta biblioteca paterna, a segunda maior da cidade. Em meio a porres, roubos recreativos de carros e jornadas nem sempre lícitas a livros empoeirados, surgem pistas que detonam uma missão de vida inteira. Ao tentar traçar o destino de seu irmão alemão, parece também estar em jogo para o narrador ganhar o respeito do pai, que, apesar dos arroubos intelectuais de Ciccio, tem mais afinidade com Domingos, ou Mimmo, seu outro filho, galanteador contumaz, leitor da Playboy e da Luluzinha, e sempre a par das novas sobre Brigitte Bardot. A despeito das tentativas de mediação da mãe, Assunta - italiana doce e enérgica, justa e com todos compreensiva -, a relação dos irmãos é quase feita só de silêncio, competição e ressentimento. Num decurso temporal que chega à Berlim dos dias presentes, e que tem no horror da ditadura militar brasileira e nos ecos do Holocausto seus centros de força, O irmão alemão conduz o leitor por caminhos vertiginosos através dessa busca pela verdade e pelos afetos.


Veja o autor lendo trechos da obra:




domingo, 4 de janeiro de 2015

[Promoção] Resultado de "Natal e aniversário é no Nosso Clube do Livro"

Olá leitores lindos!
Esperamos que 2015 tenha começado com leituras incríveis para cada um de vocês! ;)

Escrevemos hoje para dar o resultado da promoção Natal e aniversário é no Nosso Clube do Livro. Todo mundo pronto para saber quem ganhou os super kits?!


Parabéns às vencedoras!

A Leonara C vai levar para casa o kit 1:
- 2 pôsteres do livro Magisterium; - 1 cartela de adesivos do livro Primeiro Amor; - 3 cartelas das Regras do Desapego, do livro Não se Apega , não; - 1 exemplar do livro Não se Apega, Não, escrito por Isabela Freitas; - 1 exemplar do livro Sobre o Amor e Dias de Sol, escrito por Veronica Fantoni. - 35 marcadores de livros diversos; - 1 marcador do livro Sonhei que amava você, autografado pela Tammy Luciano.

Já a Aurora C receberá o kit 2:
- 2 pôsteres do livro Magisterium; - 3 cartelas das Regras do Desapego, do livro Não se Apega , não; - Sinopses dos livros Eu me chamo Antônio e Os solteiros; - 1 exemplar do livro Segundos Depois, escrito por Vinícius Márquez; - 38 marcadores de livros diversos; - 1 marcador do livro Sonhei que amava você, autografado pela Tammy Luciano.

Meninas, vocês têm o prazo de 24 horas para entrar em contato com a equipe do blog. No e-mail, devem mandar o endereço para o recebimento dos kits!

E para você que não ganhou, não fique triste. Em breve teremos novas promoções! ;)
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