quarta-feira, 8 de abril de 2015

[resenha] Minta que me ama, Maria Duffy

Até que ponto a vida virtual se distancia da sua vida real? Até que ponto somos estupidamente felizes em rede social, se na vida real somos dependentes e infelizes?

Essas perguntas são parcialmente respondidas de uma forma muito divertida pela autora do livro Minta que me ama, que conta a história de Jenny Breslin; ela tem 30 anos e nunca esteve num momento mais infeliz de sua vida: ela odeia seu emprego, seu relacionamento com sua mãe é horrível e não adianta quantas vezes ela saia durante o mês, o sábado à noite sempre será solitário e são nesses dias de solidão que o Twitter torna-se seu consolo.

O twitter é uma rede que conecta pessoas do mundo todo – famosos ou anônimos estão unidos a rede por um assunto em comum - e lá você pode ser quem quiser e assim, ninguém precisa saber dos seus problemas. 

Na rede social, Jenny acaba fazendo amigos incríveis e em uma noite de inverno, ela resolve convidá-los para passar 4 dias como seus hospedes em Dublin, na Irlanda, porém a cada dia que esse encontro se aproxima, a protagonista se vê mais insegura e incerta de seu convite, afinal de contas, estava chegando a hora das pessoas descobrirem que ela não era Jenny Breslin, a sensacional e sim Jenny Breslin, a solitária. 

Minta que me ama é o primeiro livro da autora Maria Duffy e a autora acertou em cheio ao tratar de um assunto real e corriqueiro de uma forma suave e divertida. A escrita é bem concisa e flui naturalmente, fazendo com que o leitor fique muito próximo de Jenny e de suas loucuras. 

Ele é dividido em duas partes, sendo que a primeira intitulada “Antes da tempestade” faz com que conheçamos Jenny de verdade e notamos a necessidade dela se esconder em uma personagem que criou na rede social. Somos apresentados as suas melhores amigas – Paula e Sam – ambas são personagens bem fortes, que foram bem desenvolvidos até onde deveriam; conhecemos também a mãe da personagem principal: uma mulher com uma vivacidade invejável. 

Na segunda parte do livro, é quando os medos de Jenny se revelam e ela descobre que nem tudo que está na rede é peixe, digo é real. Quando, finalmente, conhece suas amigas, ela tem surpresas inesperadas e intrigantes, e então, ela passa a entender que não é só ela que fingi ter uma vida que não tem. 

A edição do livro é muito boa, apesar de alguns erros de continuidade e o título da edição brasileira não condiz em nada com a história, mesmo assim esses pequenos detalhes não tira o brilho e nem a essência da obra. Maria Duffy explora esses dois mundos – real e virtual – de maneira espirituosa e divertida, todos os personagens são muito reais, tanto que alguns chegam a ser desagradáveis de ler, o tipo de pessoa que o leitor, certamente, manteria fora do seu mundo real. 

Mesmo sem querer, a autora indaga ao leitor a repensar suas atitudes dentro da grande rede, sabemos que existem pessoas como Jenny, Kerry, Zahra e Fiona, até porque em redes sociais, você é quem você quer ser e ninguém vai questionar isso.

Um livro alegre e despretensioso, uma excelente leitura para um final de semana preguiçoso e que sempre irá nos levar a questionar: até que ponto a sua vida virtual se distancia da sua vida real?

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