domingo, 29 de julho de 2012

[resenha] Quem é você, Alasca? de John Green

O primeiro amigo, a primeira garota, as últimas palavras 

Antes de começar a falar do livro, preciso contar para vocês como John Green entrou na minha vida. Semana passada, a Intrínseca, em parceria com alguns blogs, lançou o especial #CulpadoJohnGreen para comemorar o lançamento do livro A Culpa é das Estrelas. Eu, que já estava muito curiosa para ler o livro, acompanhei o evento desde o início: li os posts, comentei e, por meio disso, conheci a ‘nerdfighteria’ (clique no nome para descobrir o que é). 

Ok, mas onde Quem é você, Alasca? entra na história? Simples: dois dias depois do início do especial, um post falava sobre as obras de John Green e eu – toda esperta, só que não! – achava que ele só tinha A Culpa é das Estrelas aqui no Brasil. Acontece que descobri que a Martins Fontes havia lançado Quem é você, Alasca?, e como algumas pessoas sabem, eu trabalho em uma livraria. Na terça-feira a primeira coisa que fiz foi procurar a obra – que por sinal eu já havia visto antes por lá e me interessado pela história. Resultado: Comprei. 

Diante da euforia do especial muito bem organizado, meu maior medo era não me agradar com a escrita; porque, até então, eu estava dando tiro no escuro. Não conhecia nada dele, apenas sabia que era bom porque as pessoas diziam que era bom. Fui com muita sede ao pote – de novo! – só que, desta vez, tive-a saciada por John Green. 

Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras – e está cansado de sua vidinha segura e sem graça em casa. Vai para uma nova escola à procura daquilo que o chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young. Inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, Alasca levará Miles para o seu labirinto e o catapultará em direção do Grande talvez. 

A narrativa é simples, gostosa e, em pouco tempo, o leitor se vê diante da história. A obra é narrada em primeira pessoa e por meio de Miles conhecemos Culver Creek. Dividida em duas partes – o antes e o depois – o romance nos envolve, mesmo sem querer, nos trotes que eram realizados na escola. 

No antes – discorrido em contagem regressiva – somos apresentados às personagens principais da trama: Miles, Chip e, claro, Alasca. Os capítulos são curtos e rápidos, nos levando rapidamente à metade da história. Este é mais um dos pontos positivos de Green, pois sue escrita se mostra bem interativa, bem legal de ser lida. E quanto mais você lê, mais você se envolve. 

"Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente". 

Vemos o crescimento da amizade entre o trio e a crescente paixão de Miles por Alasca; que, em diversos momentos, dá a entender que também está flertando o garoto. Contudo, Miles é apenas um rapaz que adora colecionar últimas palavras e, na definição do próprio garoto, Alasca é um furacão.

Uma das coisas que mais gostei nessa parte do livro foi o desenvolvimento dos personagens. Eles são jovens mesmo, tem atitudes de adolescentes transviados da década de 80 – sexo, drogas, bebidas e rock ‘n’ roll – o dia a dia escolar é tão bem traduzido, que o leitor se ver completamente envolvido em Culver Creek. 

Como eu já falei, os capítulos são narrados como uma contagem regressiva, como se algo muito bom ou muito ruim fosse acontecer com eles, no finalzinho dessa parte o leitor já consegue matar a charada. E aí temos o embasamento para a parte mais triste, porém mais emocionante do livro. 

Se eu for começar a falar muito sobre a segunda parte do livro, será um show de spoilers... A única coisa que posso dizer é que chorei. John Green trata dessa linha tênue que há entre a vida e a morte de uma maneira sutil e bela, é impossível não se emocionar com a tradução dos sentimentos e das dores que cada personagem. 

"Como sairemos deste labirinto de sofrimento? - Todos os que já perderam o rumo da vida se sentiram perturbados com a insistência dessa pergunta. Em algum momento, todos nós olhamos em volta e percebemos que estamos perdidos num labirinto.”

Não espere um desses romances infantis, que estão no gênero dos “certinhos”, que estamos acostumados a ver por aí. Na verdade para um romance da linha juvenil Quem é você, Alasca? aborda temas muito adultos com um toque especial de sensibilidade para o público alvo. Ao lê-lo, você encontrará uma história densa, real, cruel, verdadeira e linda. Seus personagens são, definitivamente, fortes, reais e palpáveis. Quem é você, Alasca? É o tipo de livro que te faz pensar, principalmente quando você termina de lê-lo.

Título Original: Looking for Alasca.
Autor: John Green
Ano: 2010
Editora: WMF Martins Fontes
Páginas: 229
Tradução: Rodrigo Neves

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Se você gostou da resenha, curtiu o livro e vai ler, não deixe de conhecer a nerdfighteria e nem o Nerdfighter Brasil. Para ser nerdfighter não precisa pré-requisito, basta querer ser.
Don't forget to be awesome ;)


Sobre a Autora:
Ana CarolineAna Caroline é estudante de Letras Português Francês na Universidade Federal de Sergipe. Adora ler, é apaixonada por séries da Literatura de Fantasia e espera desenvolver um trabalho de pesquisa sobre esse tema na faculdade. Trabalha em uma livraria, onde o contato diário com os livros levou a desejar criar esse blog. Escreve no Loucuras de Caroline.

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